31 de mar. de 2011

se não consegues ver além. serei seu invisível perturbador de sonhos.
horas do tempo.
armazéns de pensamentos.

25 de mar. de 2011

o tempo tudo sossega.
tempo é dinheiro. só vai.

24 de mar. de 2011

(des)encontros. João amava Maria. que amava Joana. que amava Romeu. que amava Tadeu. que amava uma árvore. que não sabia sentir amor mas adorava abrigar um passarinho em seus galhos.

23 de mar. de 2011

pensa que aguça a vaidade. ledo engano. aguça mesmo é a tempestade.
na fogueira das vaidades não haverá lenha humana.
o fogo tudo queima.
se não queima. retorce.
é tempo da densidade interna (de ser aquilo que esqueci) entrar em erupção mesmo que respingue fogo nos arredores.
não tenho vocação para renunciante.

22 de mar. de 2011

sabes amor, tu nada sabes além daquilo que sentes.
teu adeus dói nos meus sonhos mais reais.
pai.
quanta coisa não pude te dizer.
não pude te viver.
e das tuas sábias palavras trago o som nítido aos ouvido.
lembrando que apenas fomos interrompidos.
cedo demais.

20 de mar. de 2011

melancolias que me consomem
são como melancias que engulo inteiras.
só que das melancias bastava-me um pedaço
e das melancolias queria não explodir.
a lagarta começou a tecer seu casulo.
vai enfeitar todo por dentro.
e lá ficar dias para sempre até cansar do papel de parede que imita o jardim.
e quando anunciar suas cores ao vento
não saberá se é flor ou enfeite para o mundo.
crescer é não ter
com quem contar.
nem pra (des)contar.
só a lua viu porque era noite de perigeu.
se não, nem eu.
ontem voei oito andares de cima para baixo em pensamento.
fui ali morrer.
deixe seu recado após o suspiro (final).

18 de mar. de 2011

tá escuro aqui. deita a vela. espalha a chama. ilumina-me ardente.

17 de mar. de 2011

alma. ouvi por um instante: sejas leve, sejas nuvem. viestes ao mundo para voar e não para encobrires ao sol.

13 de mar. de 2011

olhar nuvens num canto do mundo sossega a alma.
quando se vive cada dia como se fosse o último, não há mais lugar para a esperança de amanhã.

10 de mar. de 2011

seria mal de libra. ou mal da cabeça?
alguém avisa quando a loucura chegar. porque acho que não estarei lúcido para recebê-la.
náuseas de tanto mar dentro de mim. ondas que não poupam rochas me levam como areia. e tra-zem. e le-vam. e tra-vam. me.
o livre arbítrio é cheio de dor.

8 de mar. de 2011

sabe o espantalho depois de ser atacado pelos corvos que perceberam que ele era de palha? eu hoje.
não sei não sofrer.
mais um avião passou. continuo esperando. mas o tempo está nublado e chove tanto em meus olhos.
morrer cansa. atravesso a ponte exausto. por debaixo. arrastado por lágrimas. e rio.
é tão difícil saber se fazemos a coisa certa quando não se conhece a coisa errada.
pela dor também se mede o amor?
nossas lágrimas formaram um rio. que corre e se divide na montanha. imóvel.

7 de mar. de 2011

felicidade. se existe.
um dia quero me permitir sê-la.
perfeição.
como libertar-se da ilusão de que possas existir?
no precipício. suspenso por um fio que embala com o vento. se leveza é teu nome, num sopro pousarás na outra ribanceira.
no meio da tempestade.
o grão de areia encontra proteção na rocha que nada abala. se o chão não tremer.

6 de mar. de 2011

quando se metem os pés pelas mãos a cabeça também sai do lugar e é preciso reaprender a andar. de ponta cabeça.

5 de mar. de 2011

posso ser tua erva daninha. mas queria mesmo ser a semente de teus desejos mais enraizados.
requentando a vida. até perder o gosto.
eu mesmo canso em mim.
o pior é quando vou espairecer.
e acabo me levando junto.
a angústia se desesperou. foi falar com a saudade. só piorou. tentou a paciência. mas se achou mesmo foi na loucura.
mesmo em noite mal dormida. o abraço repousa em sono profundo.
tão só que és. mas por quê? ou por quem? que tens tanto medo de não ser mais só?
eu não fumo. só faço fumaça. é como um nevoeiro pra enfeitar a paisagem na janela dos meus olhos.
o bom jardineiro rega as flores todos os dias. percebe quando alguma está morrendo. sabe que água só não basta. se não, apodrecem raízes.
o tempo digital é diferente do tempo analógico. seus dígitos parecem frágeis ao toque. já ponteiros podem cravar flechas.
de costas. não passam de dois sozinhos juntos.
sobre casulos e borboletas. queria ter tamanho poder de transformar. e voar.

4 de mar. de 2011

arrumando armários encontram-se peças esquecidas, mas que, de tão esquecidas, já não servem mais.
arrumando gavetas encontram-se chaves, mas que, de tão esquecidas, nada abrem mais.
já no baú, melhor nem mexer.
meu caro Oswald. antropofagistas contemporâneos ainda deglutem corações estrangeiros.
em silêncio. pra saber se estou vivo ou se vivo morrendo.

3 de mar. de 2011

aos poucos. cobre meus poros e não posso mais respirar.
precipíta-se a precipitação ao precipício.

2 de mar. de 2011

e as peças foram todas perdidas nas vidas de outrem.
nem tudo no mundo são metades. mas pedaços que eu gostei. no meu quebra-cabeça de gente sempre quis mais de você. e de mim.
sejas leve. beija minha boca com sede. pega minha mão com medo. respeita o feio. aceita o novo. compra usado. respira o dia. acorda o sono. vende teu ciúme.
molhado de amor. esquenta. aperta. me pega. me cuida. me bebe. me esquece. ou tenta me amar.
escuta a chuva no telhado em notas de musicais. inventa chovendo no molhado. e vê o que o tempo faz. de nós.
o bem que me faz tão seu. meu bem. não deixo ir embora.
é pra fazer do meu endereço. teu sossego dentro de mim.
sabe quando a alma precisa cantar? eu sei.
sabe quando a alma precisa falhar? para entender que não há perfeição. o defeito é só procurar.
sabe quando a alma precisa chorar? é como um rio pedindo passagem. desaguando pensamentos.
culpa do ódio que mora ao lado e não quer ninguém estacionando os carros no que é seu.

1 de mar. de 2011

o vazio que consome também é fome. de vida.